NENHUM HOMEM É UMA ILHA ISOLADA

  


Hoje eu acordei e não queria levantar, mas é segunda-feira, então temos o direito de ficar mais dez minutinhos na cama. Nesses “dez minutinhos” fiquei pensando sobre a vida e sobre coisas que tenho visto amigos passando.

Por que é tão difícil falar, procurar, se importar com o outro de verdade? As pessoas hoje em dia estão cada vez mais artificiais, mais distantes umas das outras. Digo isso abrangendo todos os círculos de relacionamento: amor, amizade, trabalho, família... Há um medo de decepção em todos os sentidos, é difícil ver-se em uma situação em que você depende do outro, pois, se o outro não corresponder a suas expectativas, obviamente você se sentirá frustrado.

Então o que acaba sendo mais fácil de se fazer? Isolar-se.

Há uma crença cega de que se é absolutamente feliz quando se está só, quando se é livre para fazer o que quiser, sem depender de ninguém além de si mesmo. E baseando-se nisso, muitas pessoas se privam de viverem tudo o que sentem, abraçarem as oportunidades que surgem no caminho. Se for para depender do outro, é preferível reprimir isso, ignorar. Ora, onde está a liberdade para fazer aquilo que quer e ser livre, se no fundo você está preso dentro de suas próprias barreiras? Como ser plenamente feliz fugindo de tudo e todos, abrindo mão de oportunidades e pessoas incríveis?

Já conheci várias pessoas que, no momento em que se viam a ponto de depender do outro, preferiram afastá-las. Aí surge outro problema: o egoísmo. Nessa busca incansável pela felicidade plena na absoluta solidão, o ser humano passou a pensar apenas no que é melhor para si próprio, o que não vai machucá-lo e não vai afetá-lo de maneira alguma. Mas se esquece do outro, e acaba passando por cima dos sentimentos do outro, sem preocupar-se se este vai ser prejudicado de alguma maneira. Eu não consigo entender as pessoas que gritam aos quatro ventos que são completamente felizes sozinhas. Acho que, bem lá no fundo, repetir isso várias vezes as convencem de que realmente são felizes, quando na verdade estão apenas colocando máscaras em seus medos. Resumindo, você se torna prisioneiro de si mesmo para provar para o mundo que é livre e feliz sozinho. Irônico, não?

Viva, entregue-se,preocupe-se, procure, dependa sempre que for possível. Somos aquilo que deixamos para os outros, e se não deixarmos nada para ninguém então a vida perde o seu sentido. Não perca as oportunidades, ligue para dizer que está pensando naquela pessoa ao invés de esperar o contrário, abrace quem está perto de você, diga ‘eu te amo’ sem medo, pergunte como foi o dia de seus pais ou de quem vive com você. Marque de ver aquele amigo mais tarde e apareça. Não dê desculpas, ninguém nasceu apenas para crescer, trabalhar e morrer. E daí se alguém, vez ou outra, vai te decepcionar, vai te machucar? A vida é feita para ser vivida plenamente e os sofrimentos fazem parte dela. E é muito melhor sofrer com alguém do teu lado do que sofrer sozinho.

Como já dizia John Donne: “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”


Dá para ser feliz para sempre? Não! Mas dá para ser feliz juntos sim.

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